
Peixes do Cerrado
O Cerrado abriga nascentes de importantes bacias hidrográficas brasileiras. Além dos rios Tocantins, Araguaia, Paraná e São Francisco, o rio Paraguai, formador do pantanal, assim como os tributários do Amazonas, Xingu e Tapajós, apresentam nascentes em áreas de Cerrado.
Você sabia que as nascentes mais ao norte do rio Paraná, principal formador do rio da Prata, que separa a Argentina e o Uruguai, são as que formam o córrego São Bartolomeu, nas proximidades de Brasília?
Já o rio Tocantins, o segundo maior formado exclusivamente no Brasil, corre para o norte e sua nascente mais ao sul fica em Ouro Verde, a 60 km de Goiânia.
Pirapitinga

Brycon nattereri Günther, 1864
A pirapitinga é um peixe da família Bryconidae que inclui o dourado, a tabarana e a piraputanga. Sua alimentação é baseada em insetos e material vegetal, como flores e frutos, provenientes das matas ciliares. Ao longo do ano a Pirapitinga desempenha curtas migrações, por isso suas principais ameaças são o desmatamento e a construção de represas, que interrompem suas rotas migratórias.
Atualmente, a pirapitinga está listada como ameaçada de extinção, na categoria Vulnerável.
Pacú dente-seco

Mylesinus paucisquamatus Jégu & Santos 1988
Esta espécie de pacú é extremamente rara e endêmica do rio Tocantins. Seu gênero é o único entre os pacús que não possui quilha na região do abdómen. Seus dentes robustos se destacam e servem para sua alimentação que é baseada em material vegetal aderido às rochas e outros substratos dos rios.
M. paucisquamatus constou no livro vermelho da fauna brasileira como ameaçado na extinção e suas populações remanescentes estão isoladas pelos diversos barramentos presentes ao longo do rio Tocantins.
Dourada

Brachyplatystoma rousseauxii (Castelnau, 1855)
A dourada é um grande bagre que percorre longas distâncias em uma das maiores migrações de peixes observadas na natureza. Antes abundante ao longo de toda a bacia Amazônica, a espécie hoje tem ocorrência limitada a alguns de seus tributários e a principal ameaça a sua existência é a construção de barragens.
A dourada, assim como os grandes bagres importantes comercialmente, não está listada no Brasil como peixe ameaçado de extinção, embora esteja EXTINTA no rio Araguaia.
Na foto, o colaborador do Projeto Pirapitinga exibe uma Dourada capturada na cachoeira de Teotônio no rio Madeira, ambiente suprimido pela construição de barragens.

Cascudos
Loricariidae
A família dos peixes cascudos é a segunda mais rica em espécies com 418 ocorrendo no Brasil, menos apenas que a família dos lambarís e piabas (Characidae). Esse número cresce constantemente uma vez que diversas espécies do grupo seguem sendo descritas.
Cascudos se alimentam de material vegetal aderido a substratos como troncos e rochas, invertebrados e detritos que ocorrem no sedimento, algumas espécies, em especial do grupo cochliodon, se alimentam de madeira.
Clique aqui e veja um vídeo exclusivo de cascudos forrageando em riachos do alto rio Tocantins.

Baiacú
Colomesus tocantinensis Amaral, Brito, Silva & Carvalho 2013
Os baiacús de água doce pertencem à família Tetraodontidae que também apresenta espécies marinhas. Os baiacús do sistema Araguaia-Tocantins são do gênero Colomesus que inclui espécies da Amazônia e bacias costeiras da América Central ao estado de Sergipe. A espécie porém só foi diferenciada de seus congêneres no ano de 2013, através da combinação de informações genéticas e morfológicas.
Na foto, um baiacu do rio Araguaia se infla em situação de perigo.

Pirarucu
Arapaima gigas (Schinz, 1822)
O pirarucu é o maior peixe de água doce do mundo e importante recurso pesqueiro na região Amazônica, porém a pesca excessiva reduziu o tamanho de suas populações e indivíduos.
Constrói ninhos em partes rasas dos rios e lagoas de inundação e para a reprodução e cuida dos filhotes para garantir o sucesso reprodutivo. Precisa obrigatoriamente ir à superficie abocanhar ar para respirar, o que o torna alvo fácil para a pesca em especial pelo elevado ruído que produz quando respira.
Rivulus

Melanorivulus rubromarginatus (Costa, 2007)
A família Rivulidae é conhecida por incluir os peixes anuais, que são aqueles cujos ambientes intermitentes fazem as populações desaparecerem na época das secas e prosperarem com a volta das chuvas. Suas cores fazem as espécies serem muito apreciadas no aquarismo.
Há cinco espécies do subgênero Melanorivulus com ocorrência na planície de inundação do rio Araguaia, estando a maior parte delas ameaçada de extinção na categoria vulnerável, de acordo com a lista de peixes ameaçados do Ministério do Meio Ambiente.
Na foto, um macho de M.rubromarginatus do médio rio Araguaia.
Lambaris

Characidae
A família Characidae inclui todos os peixes de pequeno porte comumente chamados de Piabas, lambarís e tambiús. São de hábito generalista se alimentando de insetos e material vegetal e não apresentam cuidado parental.
É a família de peixes mais diversa do Brasil, apresentando 597 espécies na compilação de Buckup et al. (2007), número frequentemente alterado pela descrição de novas espécies.
Referências
Amaral CRL, Brito PM, Silva DA, Carvalho EF (2013) A new cryptic species of South American freshwater pufferfish of the genus Colomesus (Tetraodontidae), based on both morphology and DNA data. PLoS One 8:e74397. doi: 10.1371/journal.pone.0074397
10.1590/Bertaco V a., Carvalho FR (2010) New species of Hasemania (Characiformes: Characidae) from Central Brazil, with comments on the endemism of upper rio Tocantins basin, Goias State. Neotrop Ichthyol 8:27–32. doi: 10.1590/S1679-62252010000100004679-62252010000100004
Buckup PA, Menezes N a., Ghazzi M (2007) Catálogo das Espécies de Peixe de Água Doce do Brasil. Museu Nacional, Rio de
Janeiro, Brazil
Costa, WJEM (2007) Five new species of the aplocheiloid killifish genus Rivulus, subgenus Melanorivulus, from the middle Araguaia River basin, central Brazil (Teleostei: Cyprinodontiformes: Rivulidae). Aqua Int. J. Ichthyol. 13:2:55-68.
Vitorino Júnior OB, Agostinho CS, Pelicice FM (2016) Ecology of Mylesinus paucisquamatus Jégu & Santos , 1988 , an endangered fish species from the rio Tocantins basin. Neotrop Ichthyol 14:463–470. doi: 10.1590/1982-0224-20150124
Vitorino Júnior O, Lopes K, Pelicice F (2014) Abundance and length structure of Brycon nattereri (Osteichthyes, Bryconidae), an endangered fish species in central Brazil. Acta Sci Biol Sci 36:421. doi: 10.4025/actascibiolsci.v36i4.23857
Nunes JB (2009) Peixes Esportivos - Rio Araguaia e Afluentes.